domingo, 9 de dezembro de 2007

poemas

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôocomo de um alçapão.Eles não têm pousonem portoalimentam-se um instante em cada par de mãose partem.E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhoso espanto de saberesque o alimento deles já estava em ti...
Quintana


Dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Clarice


4o. Motivo da rosa

Não te aflijas com a pétala que voa:também é ser, deixar de ser assim.Rosas verá, só de cinzas franzida,mortas, intactas pelo teu jardim.Eu deixo aroma até nos meus espinhosao longe, o vento vai falando de mim.E por perder-me é que vão me lembrando,por desfolhar-me é que não tenho fim.
Cecília


Não passouPassou?

Minúsculas eternidadesdeglutidas por mínimos relógiosressoam na mente cavernosa.Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.A mão- a tua mão, nossas mãos-rugosas, têm o antigo calorde quando éramos vivos. Éramos?Hoje somos mais vivos do que nunca.Mentira, estarmos sós.Nada, que eu sinta, passa realmente.É tudo ilusão de ter passado.
Drummond


Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,pois é muito longe e tão tarde!Pensei que era apenas demora,e cantando pus-me a esperar-te.Permite que agora emudeça:que me conforme em ser sozinha.Há uma doce luz no silencio,e a dor é de origem divina.Permite que eu volte o meu rostopara um céu maior que este mundo,e aprenda a ser dócil no sonhocomo as estrelas no seu rumo.
Cecília


A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,tenho razão de te acusar.Houve um pacto implícito que rompestee sem te despedires foste embora.Detonaste o pacto.Detonaste a vida geral, a comum aquiescênciade viver e explorar os rumos de obscuridadesem prazo sem consulta sem provocaçãoaté o limite das folhas caídas na hora de cair.Antecipaste a hora.Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si,o ato que não ousamos nem sabemos ousarporque depois dele não há nada?Tenho razão para sentir saudade de ti,de nossa convivência em falas camaradas,simples apertar de mãos, nem isso, vozmodulando sílabas conhecidas e banaisque eram sempre certeza e segurança.Sim, tenho saudades.Sim, acuso-te porque fizesteo não previsto nas leis da amizade e da naturezanem nos deixaste sequer o direito de indagarporque o fizeste, porque te foste.
Drummond

Motivo

Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.
Cecília


A verdadeira arte de viajar

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.\Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
Quintana

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaa minha face?

Discurso

E aqui estou, cantando.Um poeta é sempre irmão do vento e da água:deixa seu ritmo por onde passa.Venho de longe e vou para longe:mas procurei pelo chão os sinais do meu caminhoe não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentesandaram.Também procurei no céu a indicação de uma trajetória, mas houve sempre muitas nuvens.E suicidaram-se os operários de Babel.Pois aqui estou, cantando.Se eu nem sei onde estou, como posso esperar que algum ouvido me escute?Ah! Se eu nem sei quem sou, como posso esperar que venha alguém gostar de mim?
Cecília

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Tempo...

Ao ler a postagem da minha grande amiga Sammia, aqueceu-me a vontade de escrever...

Uma reflexão sobre o tempo e o que qualificamos como importâncias em nossa vida.

É dificil encontrar um ser que dê mais valor ao chão molhado de chuva que ao ser carro, ao suspiro de amor que ao dinheiro, ou a risada inocente de uma criança, que o tempo que gasta ao atravessar a rua apressado para o trabalho.
Tenho analizado ultimamente o quão fúteis somos como indivíduos, e como deixamos que o cotidiano assole nossa vida de tédio e estresse.
Páro e relaciono o cinza do céu dessa cidade; os carros, as pessoas com suas faces exaustas, a poluição, o asfalto.
Até que ponto é bom viver na maior megalópole da América Latina?
Sim, em São Paulo encontram-se as maiores exposições de arte, mostras de cinema, as melhores baladas, mas como o paulistano aproveita de tudo isso? Ao acordar as 5 da manhã para trabalhar? Ou nas 2 horas que perde no trajeto ao trabalho?Quem sabe ele aproveite na enchurrada que "lava" a cidade com sua acidez, deixando muitos desabrigados.

Essa minha mania de querer mais...
Ou melhor, esse nosso direito de qualidade de vida que é cada dia mais utópico.
Neste momento expresso meu desvaneio óbvio, mas necessário.
E clamo aos amigos e leitores: pensem nas coisas pequenas e simples da vida, pois o caixão não tem gaveta, e num picar de olhos a vida vai escoando pelo ralo na eternidade de cada instante.

domingo, 14 de outubro de 2007

de que vale?

Um dia acordei, levantei e fui lavar os olhos...
Estavam inchados, pouco recuperados das lágrimas que, na noite passada mancharam meu travesseiro.
O pão duro, o café frio...
Esse vazio preenche meu apartamento.
Saio atrasado, apenas o trabalho para sobrepor esses pensamentos que ainda te tocam.
Ônibus lotado, tantas faces inexpressivas mostram o espelho dos meus dias.
Pergunto-me se se são os seios ou o decote da secretária que crescem a cada dia. A vulgaridade dessa mulher enoja-me não conseguiria ficar com o pau duro com um produto tão rodado.(Tá claro que conseguiria).
Vírus, mensagens instantâneas, convites para festas que jamais irei e amigos-Desde quando o fato de serem meus amigos, lembrarem de mim dá o direito de rechearem minha caixa de e-mails?!-cotidiano...
Mais um dia...
O tempo há anos não me influencia, já que saio está "noite" volto continua noite. Salvo os aclamados fins - de - semana que não me dou o trabalho de sair.
Com muita incistência hoje conseguiram convencer-me a ficar-todas as últimas sextas-feira de cada mês têm churrasco na empresa- como se eu não ficasse tempo o suficiente lá. Mas acabei ficando.
Em fim, pessoas rindo, embriagando-se, o chefe fazendo um social como quem pensa "isso, divirtam-se! cada centavo cada centavo sairá do bolso de vocês hehe". E a secretária com seus malditos (e enormes) seios á mostra.
Uma insinuosa mulher do marketing vem até mim. Eu realmente não sei para que, afinal não faço o tipo atraente. Com uma semana de barba por fazer, roupas amassadas e cabelo bagunçado(aliaz acho que preciso cortar ele). Não entendo as mulheres!
-Oi! Nossa nunca te vi por aqui!
-Oi, pois é...
Meu ânimo está perfeito para um velório ou casamento (afinal o que é um casamento senão uma morte? a difereça é que o diabo dorme ao lado)
Acho que ela desistiu. Depois de falar descontroladamente durante vinte munutos, sem que eu interferisse ela se tocou da inconveniência e saiu. Fiquei em dúvida entre gritar, soltar fogos ou dizer que mais um minuto a estruparia ali mesmo (pra algo ela teria que servir).
A junção de música ruim, pessoas feias e péssima comida causaram sérios dados ao meu intestino delgado que fui obrigado a me retirar. Duvido que tenham sentido minha falta.
Lamentei de não ter pego o telefone daquela criatura, nada como uma boa trepada para desestressar. Mas teria que providênciar uma mordaça, afinal Mimi não gosta de mulher escandalosa.
Mimi!Mimi?!
...SAUDADE DE TI MINHA COMPANHEIRA! Agora quem vai avisar pras malditas putas que o vizinho não gosta de escândalo...
De que serve um homem sem seu cachorro?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ode ao amor

Não tô nem ai pro amor!
Eu quero mais é que ele se dane!
Esse negócio que o amor é tudo,
mentira!
Amor é apenas amor, nada mais.
Sentimento bonito e puro?
É tudo balela!
Conheço muitos amores feios.
Amar por amar eu também amo-as florea, animais, amo tudo- mas não amo ninguém.
O amor é feio,
Sujo
Hipócrita
Amor é falso e indecente
Seduz e abobeia
O amor é lindo,
O Boto da nova era,
O amor sumiu e deixou apenas esse poema
Eu amo o amor, mais nada.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Segue mais uma etapa da utopia minha de cada dia

Enre confusões, confissões, pergunto a essa sanidade(alguns chamam de ego)
por que me atormentas?
Deixe-me jogada as traças da vontade, que os tapas que agridem minha face jorrem sangue e libertem desse ser tão obsoleto algo mais que vaidade.
Tanta futilidade me enjoa,
SAIAM DAQUI!!!

sangue-sugas anti-libertários
deixem esse consumismo para os publicitários marketeiros ou pra puta que os pariu!

são tantos rótulos e exigências que quando se ameaça de tirar a máscara seguem bombardeios de "responsabilidade"...

sair do estress é mais que uma boa transa,
para sair do estress eu preciso de mais que um bom jantar ou um bom livro...
vou me ver livre do estress quando meus anseios não forem monopolizados pelas vontades ancestrais de uma vida estavél(onde somente eles, com suas panças acomodadas vão usufluir)

...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

saudade

muitas reflexoes insistem em assombrar meus dias...
sao pensamentos urbanos
vivo rodiada de asfalto poluiçao, e luto pra que
nao me ingulam, e eu vire mais um fantoche

a sinestesia esta a flor da pele
as vezes sinto como se tudo estivesse vivo
as lembranças parecem tao vividas que confundo sonhos e realidade.

resolvi dar valor ao que vale a pena
travar guerras internas sempre acabam com ambos perdendo

quem diria que a vida traria tanta saudade....
tanto medo...

obrigada pelos pequenos momentos de vividez
pelas conversas superficiais que afagam a ausencia que sempre exalou de ti

ta tudo tao completo...

a neblina que cega conforta e angustia...

...nao tenho sentido pra escrita, a vida segue sem um sentido rigido pra viver....