Tenho amigos imaginários escondidos.
eles vem até mim, brincam com a minha imaginação,
provocam gostosas risadas internas e mantém minha infantilidade esquizofrênica.
É uma carência de consistência na vida, e as diversas lacunas do dia-a -dia são preenchidas com micro histórias, sem nexo.
Lembranças passadas, presentes e futuras num emaranhado de sensações.
Tenho dores, dificuldade com amores e boas conversas com lugares.Com lugares?
Sim!
As vezes só de olhar um lugar simpatizo, flerto como não ousaria flertar com alguém real (as pessoas dão medo, sabia?), assim vou enfim me aconchegando e fitando com carinho cada cantinho. Converso com os objetos, eles têm cada coisa pra contar que fico abismada, e por vezes corada.
Um dia consigo fugir. Serei um componente do espaço, para complementar uma ação, perfumar a vida das pessoas.
Ser um vasinho, pintado com cuidado e amor pela velhinha que relembra os amores e as dores de sua longa vida, de como o mundo mudou e sua memória ainda resiste a acompanhar tudo o que ocorre. Mais tarde, empoeirada quero ser quebrada pelos netinhos, que correm em volta da minha velhinha. Eles a amam, o cheiro de criança que ela exala pelos olhos é fascinante. Deve ser ele que atrai as crianças, ou serão os doces e gulosemas?
Depois quero ser recolhida, virar caquinhos, compor o muro de uma casa, num mosaico colorido que quase ninguém vê. Quero ver o passar apressado das pessoas que esquecem da cor da vida, e ficam uniformizadas no cinza da cidade. Eu colorida que seria, faria parar os apaixonados, os loucos ou sensíveis. As crianças a exclamar:
- Olha a flor!!! E o passarinho, mãe, mãe, tem um dragão na parede, olha!
E ficarei feliz.
O preço da conciliação
Há 4 semanas