
Não é ingenuidade, é entrega.
Ela aprendeu a entregar-se a tudo que faz intensamente.
O olhar, o abraço, o beijo, nada é superficial, é como se mergulhasse em cada gesto, ação.
Ela sempre teve problemas com o emocional...
Tem doçura, delicadeza, mas também tem uma criança sapeca que se esconde debaixo de uma mulher fria e calculista.
O seu mundo é repleto de fantasias, das mais bobas as mais ricas.
Outro dia me contou sobre uma moça que viu no metrô, ela estava grávida e carregava um buquê de rosas vermelhas lindíssimo. Para ela rosas são sua forma mais real, que diante da beleza tem espenhos e folhas, e tenta defender-se, mas é frágil. Como as rosas da grávida levaram ela aos belos anos em que recebia flores, eu fiquei comovida com o adocicado da voz e o brilho que seus olhos tinham quando falava, senti certa inveja, mas contive qualquer atitude que quebrasse seu encanto.
O pior para quem brinca demais é quando esta falando sério brincando, e num deslize perde tudo.
Meu pior defeito talvez seja colocar muita expectativa em tudo, em sonhar e iludir-me com surrealidade do realismo.
Complico demais, mas quando sou simples é complexo.
Ela queria quebrar tudo, abrir sua porta e dizer poucas e boas, que isso não se faz!
Queria parar de sonhar, de sofrer e de se apaixonar.
Ela deveria ser outra, mais forte, sábia, e dura. Mas é fraca, fraquíssima!
A forma física é um suporte farcesco para uma estrutura frágil.
Ela vai caminhar novamente, levantar os olhos e fingir que nada aconteceu, seu orgulho é mais forte.
Vai se perder em outros braços, provar outros abraços, beijar tantos lábios.
Quem sabe assim encontre a liberdade novamente, antes de se perder nos olhos de outro menino.