
Entrei ensandecida em seu leito, era a primeira vez que veria sua lápide sozinha.
Não foi fácil, ainda sentia seu corpo anlaçado ao meu, seus suspiros ao meu colo, mas seus doces olhos não traziam o mesmo brilho.
Lembro ainda de quando nos conhecemos, era desamor com tanto amor.
Exclamava baixinho para você não ouvir:
- Meu Deus como ele me ama, o que faço agora?!
E deixei os dias responderem. Não fazia mais nada sem ser tua, sem ser nós.
Aos poucos fui gostando, fui amando e vivendo cada segundo ao teu lado como se fosse único.
Era inimaginável uma fissura entre nós, apesar de tantas discussões, agouros e mal dizeres eramos um paradoxo complementar.
Uma infindável dor abalou minha consciência. As lágrimas que escorrem de minha face tentam acalantar a ausência de mim, de ti.
Hoje ao acaso, na nostalgia adolecente relembro nossa vida com um amigo, sempre chegamos a conclusão de que o nosso amor era um mundo isolado, algo só nosso, que não daria abertura para qualquer reles mortal se aproximar e comungar do nosso amor.
Mas será amor ou doença?
Um mergulho as profundezas de outro ser sem volta sadia, a impotância do sorriso, e do "Bom dia", acordar idolatrando o outro, almejando sempe estar ao seu lado.
As cartas trocadas, se lembra?
Eramos amantes das palavras, das flores e das brigas.
Brigando com minha timidez e orgulho entregava a ti meu romantismo suado, dolorido, clamando por correspondência.
No mais doce afago jogavas bálsamo nas minhas feridas, sua escrita simples e objetiva retratava seus sentimentos com uma forma sutil e sincera, lamentando não possuir um rebuscar, e me desarmando dizia-se envergonhado por não retribuir como eu merecia.
Acredito que era perfeito, meu terno amor, e para não estragar a figura que será contada ateus netos você se foi.
A solidão violentamente tomou seu lugar, estraçalhando e desfigurando meus dias.
A vitalidade de outrora deu lugar a uma caricatura do que eu seria, sim, pois sem você não passo de uma imagem sem alma, incompleta.
Não voltaras! É o que repito toda manhã, sem seu olhos de ressaca da noite mal dormida.
Não é ele, grito silenciosamente vejo alguém que lembre sua feição.
Preciso dizer adeus, e peço ao seu Deus que cuide bem de ti, pois arrancaram de mim essa responsabilidade.
Que ele cuide de seu jeito, mimos e graças, e aviso que seria impossível não se apaixonar por suas caras e a doce forma com que fala.
Deixo a reprodução das rosas que me destes, estão repletas do que fomos.
Até a próxima vida, amor.